Balé para cegos fortalece a inclusão social pela dança
  • Cia Ballet de Cegos | FOTO: Angela Rezé
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  • Geyza Pereira, primeira professora cega do mundo | FOTO: Angela Rezé
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  • Paola Bartolo | FOTO: Angela Rezé
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Através de método de ensino específico, deficientes visuais tem a oportunidade de se inserirem no universo da dança

Inclusão e integração social. Esses são uns dos principais benefícios que a dança pode proporcionar para quem a pratica. Tida como uma das expressões artísticas mais democráticas que existe, a dança pode e deve ser acessível para todos, quebrando barreiras físicas, sociais e de comunicação. Para os deficientes visuais, o toque e a percepção do próprio corpo são ferramentas que tornam possível o exercício da dança.

“Eu acredito que os benefícios da dança, especificamente o balé para pessoas com deficiência visual são gigantes na questão da autonomia, segurança, confiança e auto estima”, afirma a bailarina Paola Bartolo, professora de balé clássico formada pela Escola Municipal de Bailado de São Paulo e professora voluntária da Associação Fernanda Bianchini – Cia Ballet de Cegos [AFB], instituição localizada em São Paulo que é a primeira e única companhia de balé para cegos no mundo.

O projeto iniciado em 1995 tornou-se uma metodologia pioneira para o ensino da dança e referência mundial por seu valor artístico e inclusivo. Fernanda Bianchini desenvolveu seu método de ensino tornando possível o que se considerava impossível. O aprendizado da dança clássica por meio do toque e da repetição de movimentos, caracterizado pela sensibilidade artística é um método pioneiro que guia centenas de deficientes visuais no Brasil e no mundo.

Tendo a experiência de dar aulas de técnico em pontas para o grupo intermediário e hoje trabalhando com as iniciantes, Paola ressalta a importância do trabalho pioneiro de Fernanda Bianchini. “Ela criou um método que é o mais fantástico que eu já vi na minha vida. O ensino de toda a técnica é através do toque. Ela explica, a bailarina toca para ver o movimento e muitas vezes ela faz a movimentação no solo e não em pé para que a bailarina tenha a noção de como é essa movimentação corporal e para que isso seja perfeito”, explica Paola.

No ensino do balé para cegos, a interatividade e intercâmbio entre bailarinos cegos e os que possuem a visão evidenciam características singulares dos deficientes visuais que são relatadas por Paola. “Eu tive a oportunidade de estar com a minha escola locada dentro da Cia Ballet de Cegos. A inclusão aconteceu de forma natural. As alunas que não eram deficientes ficavam impressionadas porque muitas vezes as bailarinas cegas aprendiam mais fácil e mais rápido do que elas. Nós que enxergamos somos afetados pela visão, pela crítica e por vários estímulos. Somos influenciados o tempo inteiro. Já a audição das bailarinas cegas e a atenção e concentração delas sobre a mecânica do passo acaba sendo mais forte e melhor, o que faz com que elas aprendam rapidamente”, afirma Paola.

No trabalho com bailarinas cegas, as dificuldades são superadas diariamente. Uma delas apontada por Paola Bartolo é conseguir colocá-las em pontas. “As pessoas sem visão têm geralmente uma posição e uma estrutura corporal mais arqueada e com menos tônus. Então é necessário trabalhar muito o tônus e realinhamento postural com o desafio de usar sapatilhas de pontas, o que é um desafio para qualquer ser humano”. Por isso, a professora elege a apresentação de 25 anos da instituição realizada no auditório Ibirapuera como um dos momentos mais marcantes, quando todas as bailarinas do grupo dançaram em pontas ao som de uma música chamada ‘o amor é contagioso’.

Dança inclusiva

A dança inclusiva como um todo possibilita que a pessoa entra em contato consigo mesma, reconhecendo seu potencial e desafios, aprendendo com suas semelhanças e diferenças, sejam elas sociais, mentais ou físicas. “Eu acho que a dança inclusiva é muito importante porque faz com que o ser humano num sentido geral perceba mundos diferentes e ele consiga entender que cada um tem suas deficiências, suas dificuldades e que no fundo nós somos todos iguais, diferentes apenas nas nossas deficiências. Nossas diferenças nos acrescentam, faz como que nós possamos ser muito melhores”, reflete Paola.

Sobre o avanço do Brasil nessa atividade, Paola Bartolo analisa. “Eu acho que se fala muito hoje de inclusão, tem muita gente fazendo em pró da inclusão, mas ainda coisas pequenas e restritas. Poderíamos ter muitas escolas de dança com a proposta da inclusão, mas ainda são poucas. Porém eu acredito sim nesse caminhar lento mas progressivo e acaba que a gente tem bons frutos. Já temos alguns progressos como espetáculos com áudio descrição e aplicativos que auxiliam pessoas com os mais variados tipos de deficiências, por exemplo”.

No Recife, nossa reportagem procurou locais que oferecem dança para cegos, mas a acessibilidade na dança local ainda está engatinhando. O Instituto de Cegos do Recife  (81 3231.0936) já teve essa atividade anos atrás, mas no momento não disponibiliza mais. Uma escola que oferece aulas de balé para cegos é o Núcleo de Danças Venícius Passos, em Boa Viagem. O bailarino já fez o curso de Fernanda Bianchini e é uma das referências na área no Recife. A turma de balé para cegos ainda não conseguiu ser fechada. As vagas continuam em aberto. Os interessados devem entrar em contato através dos telefones (81) 99606.0125 / 99508.4593.




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Fabiana Almeida

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